Projeto de divulgação da memória do Marabaixo, maior tradição cultural do Amapá

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Curtas são destaque no blog de Humberto Finatti

Pela primeira vez, o documentário As Tias do Marabaixo foi noticiado por um jornalista de fora do Amapá. 

O jornalista Humberto Finatti publicou há pouco atualização do post mais recente de seu blog Zap'n'Roll, que, há 12 anos no ar, é um dos endereços mais longevos do jornalismo cultural brasileiro (com ênfase em rock e cultura pop). Na atualização, Finatti lista suas tradicionais dicas de final de semana, onde nosso conjunto de cinco curtas-metragens já lançados está lado a lado com a recomendação para o leitor ir à exposição de Joan Miró recentemente inaugurada em São Paulo, e dos novos CDs de Faith no Moore e Mumford & Sons, além do site Nada Pop e do blog Impaciente e Indeciso. O trecho do post onde o doc é citado é reproduzido abaixo. Para ler o post na íntegra, acesse o Zap'n'Roll.


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* Doc bacana pra assistir na web: produzido, dirigido, montado e editado pelo jornalista e cineasta Fabio Gomes (e que é além de tudo, dileto amigo dessas linhas rockers online), As Tias do Marabaixo é uma fascinante viagem sonora e visual por um dos ritmos musicais regionais mais conhecidos e festejados do Amapá – o Marabaixo. O documentário, que é dividido em vários vídeos e pode ser assistido no YouTube, foi concebido por Fabio (que mora em Macapá, capital do Estado, e é um jornalista musical atuante e mega conhecido no Norte brasileiro, sendo editor do bacaníssimo blog Som do Norte) para mostrar como a cultura do instrumento e do ritmo percussivo é passado de geração em geração através de décadas já, com enfoque nas “tias”, senhoras já idosas mas que continuam dedicando sua vida à preservação da memória musical deste genuíno ritmo amapaense. 

Vale muito assistir, sendo que você pode conferir tudo sobre o documentário (e visualizá-lo também) aqui: https://www.youtube.com/playlist?list=PLX-_10y1i7Kc1ABQiZObbxLGxqB4WbPcN

E saber mais sobre ele aqui, sendo que o blog do projeto já atingiu cerca de três mil acessos: http://tiasdomarabaixo.blogspot.com.br/.


 
Zap’n'roll e o jornalista Fábio Gomes em Macapá, em outubro de 2014

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Projeto As Tias do Marabaixo é destaque em revista e site

Nesta semana, o projeto As Tias do Marabaixo foi destaque em outras mídias. Primeiramente, na revista Vanguarda Cultural - Uma Odisseia nos Trópicos, em sua primeira edição de 2015. A revista é editada em Macapá pelo artista Aroldo Pedrosa, que me convidou para escrever sobre o projeto em homenagem às senhoras do Marabaixo. Eram os primeiros dias de março, e escolhi para ilustrar a matéria duas fotos que eram até então rigorosamente inéditas - uma delas, na qual aparece Tia Chiquinha com uma bandeira do Brasil ao fundo, foi utilizada como imagem final do curta Tia Chiquinha, lançado em 8 de março.

O mesmo texto, com ligeiras adaptações, foi publicado na minha estreia como colunista do site Digestivo Cultural, de São Paulo, onde semanalmente irei relatar a itinerância do projeto. Clique aqui para ler. 





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AS TIAS DO MARABAIXO,
O PROJETO


Em 15 de setembro de 2014, foi inaugurada no Amapá Garden Shopping, em Macapá, minha primeira exposição individual de fotos, intitulada As Tias do Marabaixo. Durante uma quinzena, os visitantes do local puderam ver 16 fotos minhas retratando Tia Chiquinha, Tia Zefa, Natalina, Tia Zezé e Tia Biló, então os maiores nomes vivos do Marabaixo (Tia Chiquinha veio a falecer recentemente, em 18 de fevereiro). Até o final do ano passado, a exposição percorreu algumas escolas da capital e permaneceu 10 dias na Galeria de Arte do Museu Fortaleza de São José - nem em sonho eu imaginei que um dia meu trabalho estaria exposto num prédio histórico do século 18! Neste 13 de maio, 127 anos da Abolição da Escravatura, a exposição volta a ser exibida ao público, em outro lugar da maior importância: a casa onde viveu Mestre Julião Ramos, pioneiro do Marabaixo do Laguinho e pai de Tia Biló.



Tia Chiquinha (de chapéu), Josefa Ramos (com o microfone)
Tia Zefa (com a flor azul no cabelo) - 22.6.14


O projeto, porém, é bem mais abrangente (talvez o termo certo seja "ambicioso") do que apenas uma reunião de fotos - creio que basta dizer que as imagens expostas foram selecionadas de um total de mais de 3.600... Boa parte delas foi captada durante as filmagens de entrevistas com as senhoras citadas, e também em festas do Ciclo do Marabaixo 2014. O material filmado dará origem a um documentário de longa-metragem e cinco curtas, cada um deles dedicado a uma das entrevistadas. O primeiro curta, Tia Zefa no Dia da Consciência Negra 2014, foi lançado em 26 de fevereiro, dia em que a homenageada completou 99 anos. O quinto e último curta, em homenagem a Tia Zezé, foi lançado em 21 de abril. Já em relação ao longa não há como fixar uma data no momento. Classifiquei o projeto como "ambicioso" em virtude das outras ações previstas - além da exposição e dos filmes (e de uma coleção de camisetas temáticas), pretendo lançar dois livros, um com uma seleção de fotos, outro com a íntegra dos depoimentos captados, isso sem falar no lançamento, é claro, dos próprios filmes, curtas e longa, em DVD.


A ideia do filme começou a nascer em 8 de maio de 2013, quando, levado pela cantora Patrícia Bastos, estive na festa da Quarta-Feira da Murta do Espírito Santo nas duas casas do bairro do Laguinho que a celebram: primeiro fomos à casa da Tia Biló, passando depois rapidamente pela sede do Grupo do Pavão, onde Patrícia me apresentou à Tia Chiquinha. A festa, o ambiente, a sensação de estar presenciando uma tradição viva e muito rica, sem similar com nada que eu já houvesse visto em minhas andanças pelo Brasil, me animaram a pensar numa série de entrevistas com estas senhoras que dedicaram sua vida ao Marabaixo, ajudando desta forma a preservar e difundir suas lembranças. Inicialmente, porém, eu planejava fazer as entrevistas em áudio, para veiculá-las em meu blog Som do Norte. Felizmente minha amiga Andreia da Silva Lopes, sobrinha de Tia Zefa, sugeriu que eu captasse o material em vídeo. "Sendo assim", respondi, "não tem porque restringir o material ao meu blog. Vamos fazer um filme logo duma vez!". Entrei em contato com a Graphite Comunicação, que recentemente lançara um clipe de animação de "Mal de Amor", e acertamos nove dias de gravação durante o Ciclo do Marabaixo de 2014. A primeira gravação foi no Curiaú, uma entrevista com Tia Chiquinha, em 7 de maio, praticamente um ano após a noite em que nos conhecemos. 

Depois ouvimos, pela ordem, Tia Zefa, Natalina, Tia Zezé (com quem gravamos numa noite de Marabaixo no Barracão Gertrudes Saturnino, no antigo bairro da Favela, hoje Santa Rita) e Tia Biló; além de quatro noites de festa, cobrimos também o Cortejo da Murta, que reúne grupos de Marabaixo de Macapá e cidades vizinhas, que vão da orla do Rio Amazonas até a Igreja de São José para buscar a bênção para os brincantes do Marabaixo. Esta tradição, interrompida nos anos 1940 quando o padre Júlio Maria Lombaerd impediu que os negros entrassem tocando caixa na igreja, foi retomada em 2012. O último dia de filmagens no Ciclo, 27 de junho, coincidiu com a data da festa pelos 94 anos de Tia Chiquinha (na verdade, completados na véspera). Posteriormente, em novembro, registrei em foto e vídeo quatro dias do 20º Encontro dos Tambores (que teve imagens utilizadas nos curtas sobre Tia Zefa, Natalina e Tia Zezé). 

O primeiro semestre de 2015 será dedicado ao lançamento dos curtas e sua exibição, bem como a continuidade da circulação da exposição, por instituições de ensino e espaços culturais de Macapá, além, é claro, dos barracões onde se realizam os festejos do Ciclo do Marabaixo. Para o segundo semestre, a intenção é, simultaneamente à preparação do longa-metragem, circular com os curtas por festivais de cinema Brasil afora.


quinta-feira, 7 de maio de 2015

Tem exposição de fotos d'As Tias do Marabaixo dia 13, na Quarta da Murta no Laguinho

Texto e foto: Fabio Gomes

Tia Biló


A convite de Laura do Marabaixo, neta da Tia Biló, estarei na quarta, 13 de maio, levando minha exposição de fotos d' As Tias do Marabaixo a um importante endereço de Macapá - a casa da rua Eliezer Levy, no bairro do Laguinho, onde morou Mestre Julião Ramos e atual sede do Centro Cultural Tia Biló. Foi lá que, levado pela cantora Patrícia Bastos, eu conheci em 2013 o Marabaixo em sua verdadeira essência. Também ali foram filmadas cenas do meu documentário As Tias do Marabaixo, incluindo as cenas que resultaram em meu curta-metragem Tia Biló, lançado em março. Só a importância do local em si para a História do Marabaixo já seriam suficientes para me alegrar imensamente, mas há mais dois aspectos que tornam a ocasião ainda mais especial:

  • Dia 13 de maio, como é de conhecimento geral, é a data de assinatura da Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Brasil, em 1888. Agora em 2015, a data coincide com o festejo da Quarta-Feira da Murta do Divino Espírito Santo, rodada de Marabaixo festejada apenas no bairro do Laguinho, e cujas comemorações vão até o amanhecer da Quinta-Feira da Hora, quando é levantado o Mastro do Divino Espírito Santo, que será buscado nas matas do Curiaú neste sábado, dia 9. 

  • Será a primeira exibição pública dos novos banners com as fotos da exposição, confeccionados no mês passado. São nas dimensões 60x90, um pouco menores que os banners originais, expostos em dezembro na Fortaleza de São José de Macapá, e que doei para o acervo do Grupo Poético Pena & Pergaminho. O tamanho dos novos banners os torna mais apropriados para transporte que os anteriores, algo importante porque já começam a chegar convites para que eu exponha as fotos e exiba os curtas em outros estados brasileiros, o que devo fazer a partir do final do atual Ciclo do Marabaixo. 


A foto que abre este post faz parte da exposição As Tias do Marabaixo.



Ciclo do Marabaixo: Sábado do Mastro tem programação no Curiaú e Favela com conscientização ambiental

Por Mariléia Maciel
Fotos: Márcia do Carmo



O Marabaixo da Favela continua neste final de semana cumprindo  o calendário do Ciclo, e os integrantes da Associação Berço das Tradições Amapaenses  seguem para as matas do Curiaú onde o mastro será retirado. A derrubada do tronco acontece no dia 9, o chamado Sábado do Mastro, a partir das 9h, e na volta, a comunidade se prepara para mais uma rodada marabaixo no barracão da Tia Gertrudes.

Retirada do Mastro


Retirar os mastros é uma tradição secular que se repete durante o Ciclo do Marabaixo. As quatro comunidades do Laguinho e Favela, que festejam o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade, entram na mata tocando caixas e dançando para retirar os trocos que serão levados para as casas onde acontecem os festejos, e erguidos após a rodada de marabaixo do Domingo do Mastro, ápice do louvor à Santíssima Trindade, que neste ano ano será em 24 de maio.

No bairro Santa Rita, antiga Favela, os festejos são em honra à Santíssima Trindade, que é um dos Mistérios da crença cristã, que acredita em um só Deus, formada pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. Simbolizada por uma coroa que tem em cima uma pomba, as cores azul e branco predominam na casa de Natalina Costa, filha de Gertrudes Saturnino, pioneira do Marabaixo da Favela. É no Barracão da Tia Gertrudes, uma das primeiras moradias do bairro, que acontecem os festejos, desde a década de 1940.  

Murta da Favela


Conscientização ambiental

Na Favela a tradição sofreu adaptações em função da urbanização do bairro e da conscientização ambiental, trabalhada com as gerações mais jovens. O costume de retirar dois mastros, onde são penduradas as bandeiras da Santíssima Trindade, foi alterado, e hoje, apenas um mastro é derrubado, o outro é de acrílico. Em substituição ao ato de derrubar dois troncos, a comunidade traz do Curiaú mudas de árvores nativas, que as crianças são incentivadas a plantar no bairro.

Serviço:

Retirada do Mastro: A partir das 9h, no Curiaú
Rodada de Marabaixo: Das 18h à meia-noite, no Barracão da Tia Gertrudes
Sábado, 9/5