Projeto de divulgação da memória do Marabaixo, maior tradição cultural do Amapá

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Apresentações do projeto na Bahia


Cuiabá - A viagem para divulgação do projeto As Tias do Marabaixo junto a entidades culturais que possam vir a contratar a mostra das fotos e dos curtas-metragens se aproxima do final. Saí de Macapá em junho, logo após as comemorações do Dia Estadual do Marabaixo (16 de junho) e devo estar de volta para o Encontro dos Tambores (segunda quinzena de novembro). 

Na viagem, passei inicialmente por Belém, Palmas, Paraíso do Tocantins (onde fiz a primeira mostra do projeto fora do Amapá), dali seguindo para a Bahia, onde planejava ficar 3 semanas e acabei permanecendo 3...meses. A estada prolongada na chamada "Boa Terra", além de muito agradável em termos pessoais, também me ajudou a dar uma nova cara ao projeto. Foi em Salvador que estruturei uma nova atividade cultural, a minha Oficina de Cinema Independente, onde divido com os participantes minha experiência em ter realizado os curtas d'As Tias, falando sobre cinema independente, montagem e finalização, festivais de cinema e mercado exibidor. 

Chegando a Salvador em 24 de julho, de imediato contatei as Secretarias de Cultura, no âmbito municipal e estadual e obtive os contatos do principal SESC da cidade (o Sesc-Senac Pelourinho), que me informou que receberia projetos culturais apenas a partir de novembro. Da capital, portanto, eu poderia ir a Jequié, cidade próxima a Vitória da Conquista, onde já estava acertada uma exibição dos curtas, e dali seguir viagem para outros estados. A ida a Jequié, porém, teve algumas mudanças de data: seria em 6 de agosto, ficou para o dia 13 e, devido a uma paralisação de funcionários da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), acabou transferida para 11 de setembro. Essa pausa foi muito bem aproveitada, devo dizer: usei-a para estruturar o conteúdo da Oficina de Cinema, e já comecei a oferecer sua realização para diversas instituições culturais e também de ação social da Bahia. Também coloquei a Oficina à disposição da UESB, de modo que a ida a Jequié em setembro não era mais apenas para exibir os curtas, mas também para realizar na cidade a primeira edição da Oficina. Lá, entre os dias 11 e 13 de setembro, exibi os curtas-metragens d'As Tias do Marabaixo pela primeira vez fora da região Norte, e aproveitei para rodar mais um curta com temática negra e feminina: Você é África, Você é Linda, lançado no YouTube em outubro. Meus agradecimentos à direção da UESB e a Selma de Oliveira, que fez a produção local da Oficina e também atuou no meu novo curta. 


Exibição dos curtas em Jequié - 11.9.15


De volta a Salvador, optei por ficar mais um mês, a fim de contatar instituições dos dois campos (social e cultural) que pudessem se interessar tanto pelo projeto Tias do Marabaixo quanto pela Oficina de Cinema. Aproveitei também alguns eventos, como o seminário Juventude Negra de Terreiro - Desafios do Mundo do Trabalho, realizado no Centro Cultural da Câmara de Salvador em 25 de setembro, para divulgar as duas iniciativas. 

Quando minha estada se aproximava do final, tive uma agradável surpresa: a Diretoria de Bibliotecas Públicas do Estado da Bahia, um dos órgãos da Secretaria Estadual da Cultura, me convidou para apresentar o projeto na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, no bairro dos Barris. Trata-se da mais antiga biblioteca do Brasil, em funcionamento ininterrupto desde 1811. A princípio, os curtas seriam incluídos em uma das sessões regulares de cinema promovidas pela Biblioteca, programada para o dia 14 de outubro. Mas a direção da Dibip optou por fazer um evento especificamente para mostrar na capital baiana as fotos e os curtas d'As Tias do Marabaixo, no dia 13 de outubro, o que muito me honra e mostra o respeito que esta instituição cultural baiana tem pelo projeto que divulga a cultura popular do Amapá. Na foto que abre o post, vemos alunas do Colégio Estadual Senhor do Bonfim, de Salvador, visitando a exposição de fotos, montada no corredor da Biblioteca. Na foto abaixo, apareço conversando com estudantes desta mesma escola, após a exibição dos filmes. No espaço para perguntas, os jovens baianos se mostraram curiosos sobre se haveria presença de culto aos orixás do Candomblé nas festas de Marabaixo (ao que respondi que não, o Ciclo do Marabaixo festeja o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade). 

Não há como descrever a minha satisfação ao ouvir estes adolescentes nordestinos se dizendo encantados com a vitalidade de Tia Zefa. Ou definindo como "divo" o chapéu que Tia Chiquinha costumava usar. Ou ainda cantando, ao sair da sala de projeção, o refrão da música que faz parte do curta que homenageia Tia Biló: É de manhã, é de madrugada... 

Nesta reta final da viagem, com tempo menor de permanência nas etapas seguintes (Goiânia e Cuiabá, onde me encontro), estou priorizando os contatos com as instituições culturais, mas ainda devem acontecer apresentações do projeto em Rondônia (a confirmar) e Roraima nas próximas semanas. Informarei assim que puder!