Projeto de divulgação da memória do Marabaixo, maior tradição cultural do Amapá

domingo, 14 de dezembro de 2014

Campanha Vista essa ideia homenageia Natalina



Na sua sexta semana, a Campanha Vista essa ideia das Camisas Som do Norte pede a valorização do saber popular da Amazônia, simbolizado na figura de Natalina Costa, 82 anos

Filha de dona Gertrudes Saturnino, pioneira do Marabaixo do bairro da Favela (hoje Santa Rita), em Macapá, Natalina aprendeu com sua mãe as tradições desta rica cultura, que soube transmitir a seus filhos, que hoje formam o grupo Berço do Marabaixo, no qual desponta, entre outros, a jovem cantora Lorrany Mendes, de 10 (!) anos. 

Em depoimento ao documentário inédito As Tias do Marabaixo, Tia Zezé, irmã de Natalina, conta que a família morava no Formigueiro (como popularmente é conhecido o Largo dos Inocentes, localizado atrás da Igreja de São José, no centro da capital amapaense) até 1947, quando foi solicitada pelas autoridades municipais a desocupação, tendo os moradores que optar por irem para um dos novos bairros formados poucos anos antes - o Laguinho e a Favela -, quando ordem de semelhante fez sair inúmeras famílias negras residentes na orla do rio Amazonas, nas proximidades da atual Praça Zagury. Dona Gertrudes e sua família decidiram morar na Favela, onde já estavam alguns de seus parentes. Gertrudes exerceu na Favela o mesmo papel de pioneira do Marabaixo que Mestre Julião Ramos teve em relação ao Laguinho, tornando sua casa um dos imóveis onde anualmente se realizam festividades do Ciclo do Marabaixo. Mais tarde, Natalina sucedeu a mãe neste papel de anfitriã destas festas - em uma delas, teria dito a frase Gengibirra não é mole não, que inspirou a Joãozinho Gomes e Val Milhomem a música "Mão de Couro", que ajudou a tornar Natalina mais conhecida fora do ambiente do Marabaixo. 

No cartaz, temos ainda a modelo Suelen Leão vestindo a camiseta que retrata Natalina ao lado das filhas Valdirene e Marinete, durante o Cortejo da Murta de 2014. 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Galeria: Turistas estrangeiros visitam exposição na Fortaleza de São José



Na manhã deste domingo, o jornalista Fabio Gomes recebeu na galeria de arte do Museu Fortaleza São José de Macapá, onde até o dia 7 estão em exposição suas fotos d'As Tias do Marabaixo, a visita de parte de uma delegação de 600 turistas estrangeiros vindos dos Estados Unidos no transatlântico Prinsendam. Dizemos parte da delegação porque nem todos os visitantes que estiveram na Fortaleza chegaram a entrar na galeria, seja por decisão pessoal, seja por orientação dos guias turísticos (alguns, talvez para evitar atrasos, solicitavam aos turistas que não se demorassem nos locais visitados). Além da Fortaleza, os turistas visitaram o Museu Sacaca, a Casa do Artesão (que abriu em horário especial para atendê-los) e o Marco Zero. Macapá foi a primeira escala brasileira do cruzeiro. Ao final do domingo, o navio partiu de Santana, cidade vizinha a Macapá, na direção de Manaus. 

Entre os que assinaram o livro de visitas (que são sempre muito poucos em qualquer grupo em qualquer exposição do mundo) temos registros de pessoas vindas dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Dinamarca, Espanha e Inglaterra (uma senhora que, no campo de 'Opinião' da página, procurou agradecer em português, escrevendo Obligado). 




Quem entrou na galeria teve interesse, primeiramente, em saber o que funcionava ali naquele prédio quando cabia à Fortaleza a proteção do território amapaense (eu também não sabia, mas eram ali que se guardavam as armas das guarnições sediadas na Fortaleza), e também em entender um pouco o Marabaixo e o porquê do nome de 'tias' dado às senhoras fotografadas. Com o auxílio de intérpretes cedidos pela escola de idiomas Skill, expliquei que a tradução literal de 'tia' para o inglês seria aunt, mas no caso o melhor sentido seria old ladies (algo como, "senhoras idosas respeitadas pela sociedade"). Nos surpreendemos ao constatar que alguns visitantes já tinham certo conhecimento sobre o Marabaixo e até sobre a tradição da murta! (viva a internet). 


O comandante Lúcio, da Guarda Territorial, aprecia a foto onde testemunha a reverência de Natalina à coroa do Divino Espírito Santo, no Cortejo da Murta deste ano. 

Turista conversa com alunos da escola Skill


O grupo tinha alguns brasileiros, em especial do Rio de Janeiro e da Bahia. Na foto, a baiana Elisângela, casada com um canadense, que veio no navio como artista (faz parte do show de dança que entretém os passageiros).